terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sem palavras...

"Anyone can post information to the Wikileaks.org Web site, and there is no editorial review or oversight to verify the accuracy of any information posted to the Web site. Persons accessing the Web site can form their own opinions regarding the accuracy of the information posted, and they are allowed to post comments."

Relatório do Departamento de Defesa norte-americano, publicado em 2008, a propósito do Wikileaks. Sublinhado meu.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Jean Baudrillard e a inscrição "ideológica" da objectividade jornalística na sociedade

Ontem, na aula de Teorias em Média e Comunicação, ouvi falar outra vez de Harold Lasswell, com a teoria hipodérmica, e de Paul Lazarsfeld com o seu Two-Step Flow of Comunication. Nomes e conceitos que não ouvia - e não utilizei - desde que fechei os livros há 20 anos. Fizeram-me falta? Nem por isso. Foram-me úteis? Certamente!
É muito curioso que, em 20 anos de jornalismo, nunca, que me lembre, tenha utilizado nenhum desses autores - ou as suas teses - em qualquer discussão ou decisão editorial. E no entanto a sensação que tenho é que eles estiveram lá sempre presentes, como fantasmas, por detrás do trabalho jornalístico de todos os dias.
Lembrei-me então das críticas que, enquanto jovens, fazíamos, quase todos, ao carácter muito teórico e pouco "profissionalizante" do nosso curso do ISCSP. Já na altura assim me parecia e agora confirmo: não há nada mais útil do que uma boa teoria!

Hoje, na aula de Práticas Discursivas do professor José Rebelo, voltei a recordar um nome longamente esquecido - Jean Baudrillard. Noutra aula já tínhamos falado também de Gilles Lipovetsky - dois autores que me lembro de ter lido há muitos muitos anos com ainda maior interesse.

Falámos de Jean Baudrillard a propósito desta tese fantástica: Os mass media procuram o maior denominador comum entre todos os públicos, procuram os temas do interesse do maior número possível de potenciais leitores/espectadores/ouvintes, procurando não hostilizar nenhuns. É neste contexto que se desenvolve o discurso da objectividade que vem até aos nossos dias. Ou seja - interpretação minha - a crença na objectividade jornalística (e a sua procura, pelo menos) é o resultado de um longo processo de inscrição ideológica do jornalismo na sociedade. Ou seja, o paradigma de comunicação vigente numa determinada época tende a inscrever-se ideologicamente na sociedade em que se insere e à qual serve. Hoje, vivemos provavelmente os dias finais de um paradigma de comunicação e da correspondente inscrição ideológica na sociedade. Já se discute o conceito de objectividade (ele inclusivamente já saiu do código deontológico), mas ainda se toma a objectividade como um valor de referência (aliás, depois da aula isso foi naturalmente tema de discussão acesa!)
A minha impressão é que, à revolução em curso no paradigma de comunicação, corresponderá uma "pulverizacão" completa do conceito de objectividade informativa. Com a profusão de blogues, redes sociais, plataformas de imagem e video, em que cada indivíduo pode ser autor/emissor, a subjectividade predomina sobre a objectividade. Isso já é notório em muitos aspectos e tenderá a sê-lo cada vez mais. Obviamente - como se comentava na discussão posterior - assim que largamos a objectividade como referencial (mesmo que o substituamos por algo como "honestidade"), abrimos caminho ao relativismo. E isso, hoje, a nós, ainda filhos da inscrição ideológica referida acima, suscita-nos muitas dúvidas. 
Mas, se calhar, também é para isso que serve um mestrado... Não para nos dar certezas, mas para nos levantar dúvidas!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O futuro da web

Ora aqui está algo que - suspeito... - ainda vai dar muito que falar:

"Another interesting feature of the evolution of the Web arises from the fact that it was designed to become ubiquitous. The Web is open and free, but the successful companies that emerge at each stageof its evolution become monopolies. It’s a winner-take-all world, and the usual rules of market economics don’t apply."

É uma citação de Wendy Hall no artigo "The ever evolving web: The power of networks", publicano no International Journal of Comunication nº5, um dos textos em estudo para a cadeira de Participação Politica e Poder na Era Digital, da professora Rita Espanha.

A ideia é muito interessante e confirmada over and over again pela realidade. Google, Twitter, Facebook são todos quasi-monopolies que na realidade - como já tenho escrito noutros locais - apenas por causa da sua escala - necessariamente global - conseguem ter resultados económicos relativamente interessantes (e mesmo assim...). Tire-se-lhes a escala - pelo menos como abstracção teórica - e tornar-se-á óbvio que, tal como refere a citação, "the usual rules of market economics don’t apply".

Eu diria mesmo mais: como Manuel Castells pressente - e verbaliza aquilo que todos pressentimos - se calhar the rules of capitalism also don't aplly! Ou seja, voltamos ao conceito de serviço público de televisão - um conceito que, com muitas diferenças, emergiu em praticamente todos os países "capitalistas" desenvolvidos - para perguntar se não devemos prever um serviço público de internet, necessariamente global, como a própria internet.

Esta é obviamente uma reflexão to be continued...


No mesmo texto de Wendy Hall - que aliás é uma boa súmula do que tem sido a evolução da web - encontramos também este interessante grafismo no limiar da web semântica. Vale a pena reter como referência: