segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Do analógico ao digital

Um ponto de situação rápido sobre publicação de artigos. O estado da coisa neste momento é o seguinte: três artigos em língua portuguesa enviados para a OBS*, dois publicados, um recusado; um artigo enviado para uma revista estrangeira de topo recusado, depois reenviado para outra revista e presentemente em apreciação.
A notícia de hoje é muito boa e trata-se da publicação do segundo artigo resultante do mestrado na revista OBS*. E porque é que é uma notícia particularmente boa. Primeiro porque é um artigo que eu gostei muito de fazer e segundo porque é um artigo central na investigação que pretendo fazer e também - arrisco - no quadro analítico que é preciso ter para perceber na plenitude o que está a acontecer à produção, transmissão e consumo de informação no quadro da sociedade em rede. Quando abordamos numa perspectiva holista - como eu tentei fazer - percebemos que a passagem do analógico para o digital é o factor individual que melhor explica a multiplicidade de fenómenos sociais que eclodem à nossa volta na apropriação social das tecnologias de informação e comunicação. Não é o Google, nem é o Facebook, nem são os smartphones ou os tablets ou mesmo a internet - em sim mesma - que explicam essas transformações sociais (e económicas, e culturais!); é este simples facto da passagem do analógico para o digital. Por isso, compreender isto na plenitude é também, penso eu, uma condição para perceber verdadeiramente o que pode acontecer no futuro próximo. É em parte com base nesta reflexão que eu já tenho opinado que quem nos media continua a pensar em termos de "conteúdo" está a passar ao lado do problema. O "conteúdo" é incompatível com o digital. No mundo digital não existe "conteúdo" porque não existe "forma". E isso obriga-nos a repensar toda a questão. Eu percebi isso quando estava a fazer este trabalho e espero que quem o leia também perceba isso (se não perceber... é porque está mal escrito!).
Quando comecei a fazer o mestrado, não sabia que ia fazer este trabalho e nunca tinha pensado nele. Entrei no mestrado com um caminho teórico delineado. Só à media que ia estudando o assunto percebi que esta questão - a  passagem do analógico para o digital - devia ser considerada e, embora lateral ao corpo central da minha investigação, seria determinante do mesmo. Não é possível, por exemplo, pensar a questão do modelo do negócio dos media e do valor da informação sem considerar também, como pano de fundo, a migração da nossa civilização do analógico para o digital. Depois de fazer o trabalho (e até à medida que o releio) fico com a ideia que está é de facto um dos trabalhos mais importantes que fiz no mestrado. Se tivesse que começar de novo, talvez começasse por aqui...