sábado, 16 de março de 2013

Marx lives!

Não, não me refiro ao Groucho! Estou a falar do Karl, mesmo! Carlitos para o amigos.
Preparando este artigo - aliás excelente! - para uma apresentaçãpo em aula - "Loser Generated Content: From Participation to Exploitation", de Søren Mørk Petersen  - voltei a deparar (não é a primeira vez neste mestrado) com o cruzamento entre o marxismo e as novas tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente no que se refere às suas consequências económicas e sociais. Que é precisamente aquilo que pretendo estudar.
A partir deste artigo descobri também esta tese de doutoramento de Nick Dyer-Witheford, que faz uma releitura de Marx à luz das novas TIC: "Cyber-Marx : cycles and circuits of struggle in high technology capitalism" (que aliás está integralmente disponível online através de uma licença Creative Commons).
O que Søren Mørk Petersen insinua e Nick Dyer-Witheford afirma claramente é que a releitura de Marx neste contexto tanto pode dar para explicar os desenvolvimentos actuais como uma extensão e até exponencialização do capitalismo, como para os apresentar como o prólogo da realizção d ideal comunista sobre a terra. Fala Dyer-Witheford:
"(...) the information age, far from transcending the historic conflict between capital and its labouring subjects, constitutes the latest battleground in their encounter; how the new high technologies--computers, telecommunications, and genetic engineering--are shaped and deployed as instruments of an unprecedented, world wide order ofgeneral commodification; and how, paradoxically, arising out of this process appear forces which could produce a different future based on the common sharing of wealth--a twenty-first century communism."
Ou seja, mais uma vez, parece estarmos perante a escolha entre a utopia e a distopia, como tantas vezes temos falado neste mestrado. Por um lado, a recorrência dessa dicotomia parece impor uma releitura de Marx neste quadro. Eu li Marx, directamente, enquanto jovem. Mas, para ser sincero, aquilo já me parecia um pouco desligado da realidade à época, quanto mais agora! Mas de facto, a reinterpretação de Marx no contexto actual parece fazer todo o sentido, sobretudo no quadro de uma investigação sobre o valor e a atribuição de valor nos processos comunicativos e informativos do nosso tempo. Ou seja, abre-se aqui um linha de investigação interessante que sem dúvida irei trilhar no futuro.
Por outro lado, como Petersen também refere, o que é preciso é uma nova abordagem sobre o valor do trabalho (para usar um termo central no marxismo) neste contexto, o que significa investigar e analisar as questões do acréscimo de valor colocado nas produções culturais e informativas. O que quer dizer que estou no bom caminho!

P.S. Já agora: percebi que Søren Mørk Petersen foi escrito antes da tese de doutoramento. Esta tem o título "Common Banality: The Affective Character of Photo Sharing, Everyday Life and Produsage Cultures" e também me parece interessante. Mas ainda não a consegui encontrar onlie em lado nenhum... Se alguém a encontrar...

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