sábado, 3 de novembro de 2012

Leituras de Habermas

Dos grandes teóricos da história dos estudos de media, Habermas é um dos que conheço pior. O que conheço dele é aquilo que da sua vasta produção teórica "transbordou" para outros pensadores que lhe são posteriores. Por isso, foi sempre para mim uma figura distante.

Estou a estudá-lo agora, em preparação para um trabalho para a cadeira de Teorias em Média e Comunicação.

Daquilo que tenho estado a ler, gostaria de destacar duas ideias que me parecem interessantes e implicações ainda mais interessantes.

A primeira é a de que as primeiras motivações dos jornalistas eram políticas e que só quando o sistema político burguês se solidificou é que os jornalistas se puderam libertar da sua função política e "aproveitar" (a palavra é dele) as possibilidades comerciais da sua actividade (o que viria a dar nos modernos mass media). E - se olharmos para o presente - até cá em Portugal - é impossível não re não parar como essa observação encaixa como uma luva na realidade, em que temo duas, só duas, razões para que um meio de comunicação social exista: políticas ou económicas. Se olhas para um jornal e não vislumbras razões económicas para a sua existência, então procura as razões políticas. Se olhas para outra e não vês razões políticas, então é porque ele existe por razões económicas. Claro que tanto em ambos os casos estamos perante instrumentos de poder. Mas isso levaria-nos para outras discussões e... para outros autores.

A segunda ideia interessante relaciona-se com a forma como ele descreve a ascensão da burguesia como resultado da sua "modernidade" em relação aos restantes estados da sociedade feudal. Habermas não o afirma, nem sequer o pergunta, mas eu fiquei a questionar-me se não terá sido essa "modernidade" que levou ao seu triunfo histórico. E, por modernidade, entendo aqui simultaneamente o domínio das novas técnicas/tecnologias e o domínio dos conhecimentos (económicos) necessários à nova economia que então se estava a criar. Ou seja - consequência lógica - será que a história pode ser lida à luz do progresso tecnológico? É uma boa hipótese de investigação que - a avaliar pelo que tenho vindo a perceber neste primeiros tempos de mestrado - já alguém certamente investigou...

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