Fará no próximo ano 20 anos que concluí a minha licenciatura em Comunicação Social no ISCSP, ainda na velhinha Junqueira. Atendendo a que o último ano do curso foi passado já parcialmente a trabalhar e a concluir o trabalho final de curso, fará provavelmente agora 20 anos que deixei a academia. E nunca mais voltei!
Amanhã inicio o
Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação do ISCTE-IUL, dirigido pelo Professor
Gustavo Cardoso. Já há algum tempo que tinha vontade de voltar à academia. Esta era uma ideia que, durante os últimos anos, volta não volta regressava ao meu espírito. E quando deparei com este mestrado, fiz um pouco de flashback sobre quais eram as minhas expectativas quando saí da Universidade, qual tinha sido o meu percurso desde então e também como perspectivava o futuro. E fiquei com ainda mais vontade voltar!
Esta foi a forma como tentei explicar as razões de candidatura na carta de motivação que juntei ao processo:
Lisboa, 30 de Maio de 2012
Esta carta tem por objectivo explicar porque razão gostaria muito de frequentar
o Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação do ISCTEIUL
no ano lectivo 2012/2013.
Eu concluí a licenciatura em Comunicação Social, no ISCSP-UTL, no ano
lectivo 1992/1993. Na altura, a opção por este curso prendeu-se já com a
abrangência do mesmo quanto às diferentes abordagens do fenómeno
comunicação no contexto social – jornalismo, relações públicas, marketing e
publicidade, etc. Já na altura me interessavam bastante as diferentes formas
como a comunicação e a transmissão de informação interagia com as
estruturas e as práticas sociais.
Após a conclusão da licenciatura, iniciei uma carreira no jornalismo
especializado, passando por várias publicações da área automóvel, todas
editadas pelo grupo Motorpress, que publica variadíssimos títulos de imprensa
especializada. Nesse percurso de quase duas décadas, fui jornalista do Guia
do Automóvel, chefe de redacção do semanário Autohoje e director da revista
Automagazine.
Paralelamente, desde o início da generalização da internet que olhei o
fenómeno como muito interessante do ponto de vista do seu papel na forma
como a comunicação e a informação agem socialmente. E desde início que
procurei acompanhar a evolução da internet e – tanto quanto possível –
adaptar a oferta informativa que profissionalmente produzia, aos novos canais
informativos que se abriam.
Esta ligação às novas tecnologias de comunicação e informação então
emergentes levou a que – desde há 2 anos – me tenha sido proposto o cargo
de sub-director de multimédia da Motorpress Lisboa, com responsabilidade por
desenvolver todos os novos canais e novas tecnologias de comunicação e
informação relevantes para os títulos editados pela empresa. O cargo é
extremamente aliciante e coloca-me – como será de calcular – no centro do
“furacão” que actualmente varre os sector dos media e que, naturalmente, é
“alimentado” pelas mudanças que estão a ocorrer nas tecnologias de
comunicação e informação.
Mas sempre achei – e continuo a achar – que a forma como a mudança
colossal a que estamos a assistir nas tecnologias de comunicação de
informação impacta os media tradicionais é apenas uma pequeníssima parte
da forma como impacta a sociedade no seu todo e em múltiplas das suas
variantes de funcionamento: da política à família; da pertença social à pertença
nacional; do lazer às profissões, etc, etc, etc.
Por isso, quase 20 anos depois de concluir a licenciatura e iniciar a minha
carreira profissional, a vontade de voltar à academia começou a tornar-se cada
vez mais presente. Tive oportunidade de assistir recentemente a várias
conferências e palestras organizadas pela vossa escola que reforçaram a ideia
de que há muito por aprender no contexto de rápida mudança em que as
nossas sociedades se encontram. E é isso que me leva a candidatar-me a este
mestrado: por um lado, a necessidade de perceber melhor a verdadeira
profundidade social dos fenómenos comunicativos num mundo em mudança; e,
por outro, o desejo de enriquecimento pessoal e curricular que essa
aprendizagem me pode proporcionar. Num terceiro nível gostaria de – na
medida do possível – dar um contributo de investigação para a compreensão
desses fenómenos.
Penso que no essencial está explicada a “motivação” para fazer o vosso
mestrado, mas estou naturalmente ao dispor para aprofundar e/ou
complementar qualquer informação que pretendam.
Obrigado.
Há certamente cursos de pós-graduação mais adequados a quem queira ascender na escala profissional. Mais técnicos. Mais "how-to" em vez de "why". Mas não é isso que eu quero. Como há mais de 20 anos, quando escolhi o meu curso (recordo-me que tive esta mesmíssima sensação), o que eu quero é aprender! Reflectir sobre as coisas sem constrangimentos e procurar respostas para as perguntas que realmente interessam! Aquelas que me interessam!
Espero que o Mestrado me dê essas respostas e estou confiante que isso vai acontecer.
Espero também conseguir "encaixar" o muito trabalho académico que espero ter a partir de agora entre a profissão e a família. Sei que não vai ser fácil. Mas, como se costuma dizer, "quem corre por gosto não cansa" e como nenhum desses "apartados" da minha vida está mais, espero conseguir conciliá-los a todos!