Para a cadeira de Culturas Digitais, Fãs e Web 2.0 era suposto escolhermos e estudarmos um fandom.
Eu procurei dirigir o estudo para aquilo que no fandom pode significar acréscimo de valor. E escolhi estudar nessa perspectiva o Fórum Autohoje Online. Primeiro porque é uma comunidade perfeitamente estabelecida e solidificada e, depois, porque basta olhar para ele para perceber que há muitas decisões de compra - muitas mesmo! - que são tomadas depois de uma "consulta" ao fórum. Ou seja, as recomendações peer-to-peer desempenham um papel fundamental para quem frequenta e consulta o fórum e, nessa medida, são um exemplo do tipo de acréscimo de valor que as comunidades online exercem sobre o seu objecto. Tanto em favor da marca ou marcas de que os membros da comunidade são fãs como em favor da plataforma na qual constituem a comunidade e exercem esse acréscimo de valor. Ou seja, neste trabalho interessava-me tentar perceber de que forma os fãs das marcas de automóveis que frequentam o fórum acrescem valor às marcas de que são fãs. Mas - tão ou mais importante - interessava-me também perceber como é que acresentam valor à própria comunidade, pois essas conclusões são aquelas que podem ser extrapoladas para todas as comunidades de user-generated content. Para o Fórum Autohoje Online mas também para o Facebook, o Twitter, o Instagram, o YouTube, até o Google Search. É isso que realmente é novo na forma como organizamos social economicamente a maneira de comunicar e é isso que me interessa estudar.
Blogue de acompanhamento ao Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação do ISCTE-IUL, anos lectivos 2012-2013. Reflexões sobre os temas tratados. Ligações relevantes e informações complementares.
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sábado, 23 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Google, Facebook, Twitter e YouTube: os novos media da sociedade em rede
Este foi para mim o trabalho mais importante deste semestre. Por uma razão: de todos os que fiz é aquele que está mais próximo da espinha dorsal do que pretendo estudar neste mestrado.
Já há muito tempo que tenho a opinião de que, quando os media tradicionais olham para a internet fazem-no com uma perspectiva enviesada que tende a tomar os outros media tradicionais nas mesmas circunstâncias como os seus concorrentes. Adoptam essa perspectiva no pressuposto errado de que são produtores de informação quando na realidade são apenas seus distribuidores. Do ponto de vista da função social dos media, os seus concorrentes são na realidade as google, facebook, twitter e youtubes deste mundo. Na maior parte dos casos os media tradicionais até falam com orgulho - ironia - das suas páginas de Facebook, do seu Twitter, dos seus canais do YouTube, não percebendo que na realidade o que estão a fazer é a alimentar os seus coveiros! Aliás aquela ideia recente - "saiam da internet!" pode até ser menos disparatada do que parece.
Outros media tradicionais confrontam as google deste mundo, mas, mesmo isso, fazem-no numa base errada: olhando para elas como uma espécie de piratas e não como concorrentes. Na realidade, em muitos anos a acompanhar estas matérias, acho que nunca vi ninguém ligado aos media tradicionais a olhar para estes "novos media" como aquilo que eles realmente são: os seus concorrentes nativos do novo mundo digital. Este trabalho é sobre isso. E penso que faz o essencial para o explicar.
Mas é também sobre duas outras ideias que na verdade se limita a aflorar e que requerem óbvia continuação no futuro: a redução do valor unitário da informação e as consequências económicas, sociais e até políticas que isso poderá ter. Isto sim, é o que me interessa!
Já há muito tempo que tenho a opinião de que, quando os media tradicionais olham para a internet fazem-no com uma perspectiva enviesada que tende a tomar os outros media tradicionais nas mesmas circunstâncias como os seus concorrentes. Adoptam essa perspectiva no pressuposto errado de que são produtores de informação quando na realidade são apenas seus distribuidores. Do ponto de vista da função social dos media, os seus concorrentes são na realidade as google, facebook, twitter e youtubes deste mundo. Na maior parte dos casos os media tradicionais até falam com orgulho - ironia - das suas páginas de Facebook, do seu Twitter, dos seus canais do YouTube, não percebendo que na realidade o que estão a fazer é a alimentar os seus coveiros! Aliás aquela ideia recente - "saiam da internet!" pode até ser menos disparatada do que parece.
Outros media tradicionais confrontam as google deste mundo, mas, mesmo isso, fazem-no numa base errada: olhando para elas como uma espécie de piratas e não como concorrentes. Na realidade, em muitos anos a acompanhar estas matérias, acho que nunca vi ninguém ligado aos media tradicionais a olhar para estes "novos media" como aquilo que eles realmente são: os seus concorrentes nativos do novo mundo digital. Este trabalho é sobre isso. E penso que faz o essencial para o explicar.
Mas é também sobre duas outras ideias que na verdade se limita a aflorar e que requerem óbvia continuação no futuro: a redução do valor unitário da informação e as consequências económicas, sociais e até políticas que isso poderá ter. Isto sim, é o que me interessa!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
The Power of Google!
"MasterPlan - About the Power of Google" é um dos muitos documentários que podemos encontrar no YouTube (ironia...) sobre a ameaça que constitui a quantidade de informação abertamente ou sub-repticiamente recolhida pela Google (e outras empresas semelhantes) no quadro da nova sociedade em rede em que vivemos.
Para a cadeira de Participação Política e Poder na Era Digital, esse era um tema que desde muito cedo pensava abordar, embora não soubesse bem como. Quando falámos em aula sobre a forma como o Poder dos media se manifesta em sociedade, decidi que era por aí que iria. Depois, tive a sorte de me calhar em sorte um texto de Dan Schiller - "Power Under Pressure" - para uma apresentação em aula.
O resultado foi uma espécie de 2 em 1: uma apresentação em aula feita em grupo com o Tiago e um trabalho sobre a forma como a alteração da paisagem mediática afecta as relações de Poder dos media em sociedade.
Para a apresentação em aula escolhemos o Prezi e fizemos isto que está aqui:
Para o trabalho propriamente dito juntei Manuel Castells (o excelente "Communication Power"), Yochai Benkler (que já disse aqui que é um génio!) e o já referido Dan Schiller. Benkler é um optimista, Schiller é um pessimista e Castells é... um realista. No sentido em que o potencial "revolucionário" das mudanças é evidente, mas a forma como se materializarão irá depender dos factores políticos, económicos e sociais que as revestem.
Neste trabalho argumento que "com a deterioração do modelo de negócio dos media tradicionais e a expansão dos modelos de negócio dos “novos media” - como a Google, o Facebook e o Twitter, por exemplo - assistimos a uma recomposição do poder económico à escala global que provoca alterações na relação de forças entre os vários intervenientes na cadeia informativa e também na articulação entre as diversas fontes de poder." E é isto - precisamente isto - que é preciso perceber para não embarcarmos em utopias ou em teorias da conspiração como a do video citado no início. A realidade é muitos mais complexa do que qualquer dessas duas coisas. Para sorte de quem a pretende estudar!
Para a cadeira de Participação Política e Poder na Era Digital, esse era um tema que desde muito cedo pensava abordar, embora não soubesse bem como. Quando falámos em aula sobre a forma como o Poder dos media se manifesta em sociedade, decidi que era por aí que iria. Depois, tive a sorte de me calhar em sorte um texto de Dan Schiller - "Power Under Pressure" - para uma apresentação em aula.
O resultado foi uma espécie de 2 em 1: uma apresentação em aula feita em grupo com o Tiago e um trabalho sobre a forma como a alteração da paisagem mediática afecta as relações de Poder dos media em sociedade.
Para a apresentação em aula escolhemos o Prezi e fizemos isto que está aqui:
Para o trabalho propriamente dito juntei Manuel Castells (o excelente "Communication Power"), Yochai Benkler (que já disse aqui que é um génio!) e o já referido Dan Schiller. Benkler é um optimista, Schiller é um pessimista e Castells é... um realista. No sentido em que o potencial "revolucionário" das mudanças é evidente, mas a forma como se materializarão irá depender dos factores políticos, económicos e sociais que as revestem.
Neste trabalho argumento que "com a deterioração do modelo de negócio dos media tradicionais e a expansão dos modelos de negócio dos “novos media” - como a Google, o Facebook e o Twitter, por exemplo - assistimos a uma recomposição do poder económico à escala global que provoca alterações na relação de forças entre os vários intervenientes na cadeia informativa e também na articulação entre as diversas fontes de poder." E é isto - precisamente isto - que é preciso perceber para não embarcarmos em utopias ou em teorias da conspiração como a do video citado no início. A realidade é muitos mais complexa do que qualquer dessas duas coisas. Para sorte de quem a pretende estudar!
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Google, Facebook e Twitter: os novos media
Lembrei-me desta tese quando estava a preparar o draft inicial para um trabalho para uma das cadeiras do mestrado. O tema tem a ver com a desregulação do negócio dos media e isto, naturalmente, está relacionado. Provavelmente, ainda vai fazer parte da tese:
"Mas há outro aspecto – completamente separado deste – em que este alvoroço em torno da Google suscita reflexões interessantes. Que é este: para mim é sempre muito curioso ver a agressividade com que estas empresas – Google, Facebook, Twitter – procuram manter ou conquistar territórios negociais. Como se não soubessem muito bem o que é que na realidade fazem ou estarão a fazer daqui a 5 anos. E na verdade é isso mesmo que acontece. A Google é utilizada universalmente, o Facebook tem mais de 800 milhões de utilizadores e o Twitter está presente em todos os continentes e em todas as latitudes. No entanto, nenhuma as 3 empresas parece ter um modelo de negócio seguro (na verdade, o Twitter ainda está à procura dele). O Facebook, por exemplo, só hoje entrou em bolsa. E todas as valorizações incrementais que ao longo dos últimos anos lhe foram sendo atribuídas não eram mais afinal do que “expectativas de valor”, tal como, de certa forma, ainda são hoje, mesmo com a cotação em bolsa. Ou seja: percebe-se que qualquer destas empresas tem um potencial enorme, mas percebe-se pior qual é realmente o seu negócio do dia-a-dia, por comparação com essa expectativa. Mesmo no caso da Google. Claro que a Google faz milhões em publicidade, mas faz esses milhões com biliões de utilizadores e triliões de utilizações. Como sabe bem quem explora um media tradicional e o respectivo website, ganha-se mais dinheiro por cada “eyeball” no papel, por exemplo, do que com 100 na web. O que isso significa é que só a escala salva a Google (e o Facebook, que tem o mesmo modelo de negócio). Se não fosse a escala enorme em que estas empresas se movimentam – Google, Facebook, Twitter, etc – qualquer delas seria um insucesso económico. Porque é que não há concorrentes (reais) da Google ou do Facebook ou do Twitter? Já pensaram? É por isso mesmo: porque concorrentes mais pequenos não têm escala para serem rentáveis! Para termos uma noção da situação basta imaginarmos o que seria uma BP ou um Wal-Mart com mais de 800 milhões de clientes! É esta a escala a que operam estes gigantes com pés de barro!
Por isso é um erro dizer que estas empresas estão a mudar o modelo de negócio. Wrong! Elas estão a “pulverizar” o modelo de negócio! Isso sim! Como aliás os media tradicionais sabem muito bem. É óbvio que elas estão a “desregular” algo, mas não é claro que estejam a “regular” o que quer que seja! Provavelmente ainda iremos descobrir que no futuro os negócios estarão organizados de uma maneira muito diferente. Ou até que não haverá negócios, apenas serviços sem fins lucrativos! Não sabemos como será o futuro. Mas sabemos que provavelmente não é isto que hoje temos: um gigante em cada sector, com uma escala enormíssima e uma rentabilidade minúscula.
O que parece – hoje – é que estes gigantes – Google, Facebook, Twitter — são mais plataformas do que empresas; são mais um serviço público do que um negócio. E é por isso – só por isso! – que esperamos que elas estejam do lado do Bem e não do lado do Mal! E é por isso que tantas vezes nos incomodamos e revoltamos com os seus “termos de serviço” e as suas “políticas de privacidade”. Alguém alguma vez procurou saber quais são os Termos de Serviço e a Política de Privacidade do Pingo Doce?
Isto está mesmo a mudar. Muito e depressa. Não sabemos é para onde!"
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
O Megaupload segundo Habermas
Esta entrevista de Kim Dotcom é a todos os títulos notável. Quem achar que o Megaupload é que é o problema é porque realmente não percebe nada do que se está a passar.
Em primeiro lugar porque Kim Dotcom exibe, um a um, todos os argumentos - todos! - que defendem empresas como a sua em casos como o seu. E que explicam, de uma forma cristalina, como ele (ainda por cima por causa da sua personalidade exuberante e exibicionista) está a ser usado como exemplo e como bode expiatório. Faz lembrar Julian Assange e o paralelo está longe de ser inocente.
Em segundo lugar porque - como ele afirma, e bem! - a Microsoft também o está a fazer, a Google também, até a Ubuntu. Ou seja: ele é, como a Google, o Facebook, o Twitter ou o Instagram, um intermediário. Ele é o middle man. E culpar hoje o middle man é o mesmo que culpar o mensageiro. Confrontar o mensageiro - seja ele o Megaupload ou a Google - é desviar a atenção do essencial. O que importa, o que realmente importa, é aquilo que está a acontecer entre os pontos que o mensageiro une.
E é aí que entra Habermas. O que eu acho que está a acontecer, sinceramente, é desmercatilização da informação. A informação está a deixar de ter valor comercial. Habermas explicou como o lado comercial da informação destruiu o jornalismo, a esfera pública e a própria política. Pois bem, aquilo perante que estamos é exactamente a inversão desse caminho: a informação, que deixou de ter valor comercial por efeito da sua abundância, volta a instituir as virtudes clássicas do jornalismo - a internet é hoje uma réplica quase perfeita do jornalismo literário de Habermas - volta a instituir uma verdadeira esfera pública (já agora.. global) e repõe o primado da política. O mundo de hoje não pode deixar de ser, aos olhos de Habermas, um mundo melhor!
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