Quando eu fiz a minha licenciatura ainda não havia internet, nem Google Scholar, nem papers em fomato digital - sim foi assim há tanto tempo! Basicamente, estudávamos pelos nosso apontamentos, por livros e por sebentas, normalmente sebosas.
Quando iniciei o mestrado calculei que o método de estudo fosse agora bastante diferente, como seria de esperar. E é. Como sabia que hoje quase toda a informação de que precisamos está disponível online de uma forma ou de outra, e que portanto os materiais de estudo e investigação também o estariam, houve uma coisa que para mim foi uma surpresa desde o primeiro dia: os repositórios de papers académicos com acesso pago ou reservado. Vocês imaginem - quem estuda não precisa de imaginar! - a frustração que é procurar aquele paper que aborda a questão exactamente naquela perspectiva; ou que tem exactamente os dados de que precisamos, e descobrir que só conseguimos ler o resumo e o resto tem que ser pago ou descarregado com um login e password obscuros! O que sentimos, precisamente, é que estamos perante um obstáculo que não devia lá estar. Sentimo-nos perante uma injustiça! Eu não sei quais são as razões económicas ou outras - se é que as há - para que isto seja assim. Mas trata-se de trabalhos académicos! Feitos apenas com objectivos académicos! Talvez um dia alguém me consiga explicar, mas de momento não consigo entender isto!
Confesso que não conhecia Aaron Swartz antes do seu desaparecimento recente. E só quando li informações biográficas sobre ele é que percebi que isto era justamente o que o tinha indignado há uns anos atrás. E que ele fez aquilo que - heroicamente - devia ter feito: tornar publicamente acessível aquilo que nunca devia ser outra coisa que não publicamente acessível.
Espero que o acesso restrito aos trabalhos académicos acabe rapidamente pois é uma vergonha!
[mais sobre Aaron Swartz]
Das muitas coisas partilhadas recentemente sobre Aaron Swartz, gostei particularmente deste pequeno texto de 2008, que em ele explica porque razão os trabalhos académicos não deviam ser pagos, e deste video aqui em baixo, com uma palestra em 2012. Vale a pena ver!
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