Esta investigação prende-se o valor social e económico da informação e o trabalho abaixo explica detalhadamente o porquê da escolha deste tema, os métodos que serão seguidos e as hipóteses de estudo. Mas eu queria destacar aqui um uma ou duas ideias principais e apontar para as conclusões esperadas.
Eu sempre achei que os meios de comunicação social tinham um peso decisivo na vivência social e na construção da cidadania. Em parte foi por isso que escolhi estudar e trabalhar em jornalismo. Aliás, já repeti mais do que uma vez que, na época, jornalista, médico e juiz eram aqueles 3 papéis que para mim eram mais do que meras profissões; eram missões!.
Por outro lado, desde cedo percebi também que o surgimento da internet alterava profundamente o papel e a relevância social dos meios de comunicação. A princípio parecia-me que isso tinha a ver com o seu modelo de negócio e que, uma vez encontrado um novo modelo de negócio, o equilíbrio seria reestabelecido, provavelmente com outros actores, mas proporcionando o mesmo resultado: assegurar a distribuição social de informação. Esta é aliás, provavelmente, a tese dominante actualmente.
Mas, ultimamente, tenho olhado cada vez mais para a distribuição social de informação pelo prisma analítico das suas instituições. Ou seja, aquilo a que nós chamamos mass media - os jornais, as revistas, as televisões - são formas institucionais de distribuir informação socialmente relevante. E aliás, são formas institucionais grandemente regulamentadas (de diversas formas) e profundamente "historicizadas". O que está a acontecer actualmente - parece-me - é uma construção social de novas instituições para fazer a mesma coisa, sendo que este processo está apenas no princípio. Obviamente, essa construção far-se-á com avanços e recuos, com viragens à direita ou à esquerda, consoante as forças sociais e económicas em colisão. Mas far-se-á inevitavelmente. Este trabalho é sobre isso. Mas, por isso mesmo, não pretendo que se restrinja ao modelo de negócio dos mass media (embora isso já fosse tarefa importante!). O que quero é compreender as formas sociais que escolhemos para distribuir informação e de que forma e que elas mudaram na transição para a sociedade em rede alimentada por tecnologias digitais. Ou seja, é um tema vasto - com duas vertentes bem claras, a económica e a social - mas que pode ser circunscrito às hipóteses e aos métodos de pesquisa descritos neste trabalho.
Queria também falar das conclusões esperadas. Basicamente porque quando estava a projectar a pesquisa, elas assustaram-me um pouco. Mas - sinceramente - são aquelas que penso que esta investigação irá produzir:
- O modelo de negócio dos mass media está esgotado e não pode ser recuperado no quadro da sociedade em rede
- O modelo de negócio dos novos media da sociedade em rede depende de uma escala global e só existe em função dela (o que explica a tendência para um só operador por sector)
- Contribuir para uma investigação mais abrangente sobre formas alternativas de atribuir valor à informação no quadro da sociedade em rede, considerando que o modelo actual está esgotado e é preciso encontrar um modelo alternativo que garanta as funções sociais de distribuição de informação dentro de parâmetros de racionalidade económica e relevância e adequação social.
Este último é obviamente o resultado mais importante que esta investigação pode produzir, mas é também o mais ambicioso e difícil. Por isso é que está projectado apenas como um contributo. Não espero com o trabalho desenvolvido neste mestrado responder a essa questão - formas alternativas (e sustentáveis) de garantir a distribuição social de informação na sociedade em rede - mas espero, com a investigação sobre o papel dos mass media vs. new media, poder contribuir para esse objectivo.
O trabalho que descreve em pormenor o meu projecto de pesquisa pode ser lido na íntegra na minha área do academia.edu ou aqui:
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